Olimpíadas Paris 2024: Polêmicas sobre religião envolvem surfista brasileiro e
cerimônia de abertura
Duas situações que envolvem a religião cristã agitaram as mídias digitais nos
primeiros dias das
Olimpíadas de Paris 2024: a proibição da imagem do Cristo Redentor na prancha do surfista brasileiro
João Chianca, conhecido como Chumbinho, e supostas referências à Última Ceia de Jesus durante a
cerimônia de abertura. O Comitê Olímpico Internacional (COI) vetou o uso da imagem religiosa pelo
atleta, citou a regra de neutralidade dos Jogos.
Já a performance na abertura, descrita por várias pessoas como uma representação
da Última Ceia de
Cristo “com deboche”, protagonizada por artistas LGBTQIA+, foi negada pelos organizadores como
inspiração religiosa. Os casos repercutiram amplamente, e receberam cobertura tanto da grande imprensa
quanto de veículos alternativos políticos e religiosos, tendo provocado debates acalorados nas mídias
digitais.
O caso do Cristo nas pranchas: intolerância?
O portal evangélico Pleno News publicou, em 27 de julho, matéria sobre a proibição imposta ao surfista
brasileiro João Chianca de usar a imagem do Cristo Redentor em pranchas durante os Jogos Olímpicos de
Paris. Com o título “Olimpíadas: Surfista brasileiro é proibido de usar pintura do Cristo”, a publicação
afirma que o Comitê Olímpico Internacional (COI) vetou o uso de imagens religiosas por atletas na
competição.
A decisão de proibir a pintura da imagem do Cristo Redentor nas pranchas de João Chianca foi
interpretada como uma tentativa de restringir a expressão pessoal e a identidade cultural e religiosa do
atleta.
A reportagem destaca mensagens de apoio ao surfista que denunciam que ocorreu
“intolerância religiosa”.
Um usuário das redes sociais afirmou: “Quanta injustiça, intolerância religiosa e hipocrisia da França e
dos jogos olímpicos! Não pode prancha com Jesus, mas pode demonizar a santa ceia!”
Ainda que o portal evangélico tenha relatado que Chianca, em página pessoal do
Instagram, tenha
explicado que a pintura não foi autorizada devido à natureza religiosa da imagem do Cristo, o que fere
as regras estritas dos Jogos Olímpicos quanto à neutralidade, a ênfase foi outra. O Pleno News destacou
no título da matéria a ideia genérica de “proibição”, que remete a intolerância religiosa, e colocou em
evidência as reações dos apoiadores de Chianca.
Bereia observou que publicações como a do Pleno News contribuíram para a
disseminação de informações que
levaram diversos perfis em mídias sociais a atribuírem o caso a uma suposta perseguição a cristãos.
A polêmica sobre a cerimônia de abertura das Olimpíadas
2024
Os Jogos Olímpicos Paris 2024 também foram alvo de outra polêmica, relacionada à
cerimônia de abertura
da competição, em 26 de julho. Durante o segmento intitulado “Festividade”, um grupo de artistas
franceses, entre eles drag queens e a DJ Barbara Butch, apareceu por trás de uma longa mesa, em uma
composição que foi identificada como uma paródia da “Última Ceia de Cristo” por usuários das mídias
digitais.
Políticos brasileiros ligados à direita e à esquerda reforçaram esta abordagem em
páginas pessoais no X.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que “com Deus não se brinca”; o deputado federal Nikolas
Ferreira (PL-MG) classificou a cerimônia de abertura de “zombaria demoníaca da fé cristã.”; o vereador
de São Paulo Rubinho Nunes (PL-SP) como “profanação da Santa Ceia” e afirmou que é uma ação de “classe
de minorias que querem pautar a sociedade”. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) também comentou sobre a
cerimônia e afirmou que a única “bola fora” foi a interpretação da Santa Ceia.
O BZN Notícias relatou que os Jogos Olímpicos de 2024 serão lembrados por apresentarem a pior cerimônia
de abertura da história, e a descreveu como afronta aos cristãos, tendo relacionado ao ocorrido com o
caso do surfista João Chianca. Um trecho da matéria diz:
“O mundo cristão ficou indignado com a profanação da Santa Ceia na cerimônia de abertura da Olimpíada
2024, em Paris. Tripudiou do profundo sentimento do cristianismo, que simboliza a comunhão com o corpo e
o sangue de Jesus Cristo, a antecipação do seu calvário. Aí vem o Comitê Olímpico Internacional obrigar
ao surfista brasileiro João Chianca – Chumbinho – a apagar a imagem do Cristo Redentor das suas pranchas
(…)”.